
Diante do show de horrores que foi a CPI das Bets, onde a influenciadora e empresária Virgínia Fonsecadeu o seu depoimento sobre as publicidades para casas de apostas, o infame Jogo do Tigrinho, algo ficou muito claro: Quem mente e engana, se dá bem.
Claro que temos um perfil específico: uma mulher jovem, branca e milionária. Para ela, foi dada toda a liberdade e espaço para se divulgar e transformar em palco, um lugar em que ela deveria estar sendo responsabilizada pelas próprias ações. Ela com o seu moletom com o rosto da filha estampado e a sua garrafinha de água cor de rosa coincidentemente exibindo o nome da sua marca, disse para os senadores que não ficou rica com o dinheiro dos jogos, pois só no último ano, a We Pink, empresa inaugurada em 2021, faturou R$750 milhões de reais.
Mas por que esse número espanta? Junto com o enorme rendimento, também podemos acompanhar as extensas reclamações de produtos que não entregam o que prometem. Mesmo com toda a tecnologia disponível para o investimento de marcas de cosméticos, as bases da Virgínia não conseguem desempenhar o mínimo, perfumes com fragrâncias tão enjoativas a ponto de causar vômito de acordo com resenhas e esfoliantes corporais que precisam de banho-maria para ter uma consistência usável, de uma forma inacreditável são sucessos de venda.
E ela não é a única. Outros nomes da influência digital não param de lucrar, independente das polêmicas e prejuízos ao próprio público.
Um caso curioso que me vem à mente está no documentário Untold: o Rei do Fígado, que conta como Brian Johnson viralizou nas redes sociais ao compartilhar seu estilo de vida com uma dieta de sua autoria: a dieta ancestral, onde ele diariamente se gravava comendo fígado (de onde vem seu pseudônimo) e outros órgãos de touro completamente crus, incluindo os testículos, No seu discurso ele chamava a atenção para os ancestrais e para uma dieta simples sem processados, exercícios físicos constantes e a conexão com a família. Claro que nessa rotina também havia espaço para seus suplementos naturais, vendidos pela sua empresa. Depois de mentir sobre o uso de esteroides e engajar milhares de pessoas na sua narrativa, o Rei do Fígado foi desmascarado. O seu corpo não era nutrido apenas com o que ele mostrava na alimentação crua, na verdade, o impressionante resultado que exibia, era composto por anabolizantes. Drogas sintéticas que são o completo oposto da vida ancestral. O vídeo de desculpas veio, como sempre, mas muitos seguidores do meio fitness ainda não superaram o fato de terem sido enganados.
Como ele pôde mentir? Como ele pôde trair a confiança daqueles que genuinamente acreditaram nele?
Se pensarmos bem, conseguimos resgatar inúmeras histórias parecidas, aonde a influência chega a um patamar tão alto em que se acredita e consome tudo o que o influenciador compartilha. E quem não quer ser um Deus das mídias sociais?
O que é preocupante é que grandes poderes em mãos e mentes mal intencionadas podem não ser apenas notícias em páginas de fofoca, mas um problema de saúde pública.
Diante de tantos casos, muitos grupos reivindicam a regulamentação e definição de limites nos trabalhos que envolvem as redes. Já que se deixar para depender da ética das webs celebridades, não estamos seguros. O que você acha?
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